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2012 - Livro Vermelho 2013

Echinodorus bolivianus (Rusby) Holm-Niels. LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 06-08-2012

Criterio:

Avaliador: Rafael Augusto Xavier Borges

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

E. bolivianus possui ampla distribuição geográfica no Brasil e também ocorre em outros países da América do Sul, com subpopulações conhecidas em diferentes biomas.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Helanthium bolivianum (Rusby) Lehtonen & Myllys;

Família: Alismataceae

Sinônimos:

  • > Echinodorus bolivianus ;
  • > Echinodorus australis ;
  • > Alisma bolivianum ;
  • > Echinodorus quadricostatus ;
  • > Echinodorus quadricostatus var. magdalenensis ;
  • > Echinodorus quadricostatus var. xinguensis ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Brittonia 31: 276. 1979. Segundo Matias (2007) E. bolivianus é um sinônimo de E. tenellus, como proposto por Jérémie et al. (2001). Nomes populares: "Dwarf amazon swordplant" e "erva do pântano" (Koehler; Bove, 2004).

Distribuição

Não é endêmica do Brasil, sendo encontrada da América Central até o sul da América do Sul (Koehler; Bove, 2004); ocorre nos Estados do Pará, Piauí, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Matias et al., 2012).

Ecologia

Caracteriza-se por ervas anuais ou perenes; coletada com flores principalmente entre agosto a abril, porém pode ser encontrada em flor durante o ano todo (Pansarin; Amaral, 2005); terófitas, diminutas, delicadas, podendo atingir de 5-18 cm de altura (Matias, 2007); anfíbias (Alves et al., 2011) ou submersas, crescendo em águas paradas ou correntes, acima de 50 cm de profundidade (Koehler; Bove, 2004); flores dióicas (Matias, 2010).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Omodelo tradicional da ocupação da Amazônia tem levado a um aumentosignificativo do desmatamento na Amazônia legal, sendo este um fenômeno denatureza bastante complexa, que não pode ser atribuído a um único fator. As questões mais urgentes em termos da conservação euso dos recursos naturais da Amazônia dizem respeito à perda em grande escalade funções críticas da Amazônia frente ao avanço do desmatamento ligado àspolíticas de desenvolvimento na região, tais como especulação de terra ao longodas estradas, crescimento das cidades, aumento dramático da pecuária bovina,exploração madeireira e agricultura familiar (mais recentemente a agriculturamecanizada), principalmente ligada ao cultivo da soja e algodão. Esse aumento dasatividades econômicas em larga escala sobre os recursos da Amazônia legalbrasileira tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento que, no períodode 2002 e 2003, foi de 23.750 km², a segunda maior taxa já registrada nessaregião, superada somente pela marca histórica de 29.059 km² desmatados em 1995. A situação é tão crítica que, recentemente, o governo brasileirocriou um Grupo Interministerial a fim de combater o desmatamento e apontarsoluções de como minimizar seus efeitos na Amazônia legal (Ferreira et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Mais de25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem naCaatinga.A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuemainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como aagricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes devegetação em culturas de ciclo curto além do corte de madeira para lenha, a caça deanimais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinostem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Osbovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI erapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagemintensiva. O número estimado de cabeças desses animais,atualmente, é de mais de 10 milhões e já sãoreconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e,principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início dacolonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foramconvertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foramlargamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando oregime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e atémesmo de grandes rios. Rios anteriormentenavegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior dopaís, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigaçãodesenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têmacelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solo têmcausado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% daárea da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanusKunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf,Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000 km² - uma área equivalente ao Estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A área total deCampos no sul do Brasil era 18 milhões de ha, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhõesde ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha noRio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em Santa Catarina(área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no Paraná (área total: 20 milhõesha). Um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas. Houve um aumentosignificativo na produção de milho, soja e trigo, o que se deu às custas doscampos naturais, além da produção de arroz. Atualmente os três Estados daregião sul do Brasil produzem 60% do arroz no Brasil. O cultivo de árvoresexóticas tem recebido muitos incentivos, tanto das indústrias privadas quantodo governo, para a produção de celulose principalmente. Particularmente noscampos do Planalto Sul-Brasileiro, áreas que antes eram utilizadas com apecuária foram transformadas em plantações de Pinus sp. de grandesextensões, essas densas monoculturas não permitem o crescimento de plantas nosub-bosque, o que agrava significativamente os danos causados por estaatividade. Na região sul do Rio Grande do Sul também há a pressão exercida peloplantio de Eucalyptus sp., tambémlevando à perda de espécies campestres. A intensificação dos sistemas de produção pecuáriatem levado ao aumento na área de pastagens cultivadas. Apesar da altaprodutividade e potencial forrageiro de muitas espécies nativas, elas não sãoexploradas comercialmente e as pastagens cultivadas são produzidasprincipalmente com espécies exóticas. Outra forte ameaça é o sobrepastejo, quepossui conseqüências negativas para a cobertura do solo, facilitando adegradação em regiões com condições de solos vulneráveis, acelerando o processode erosão. Apenas 453 km² dos Campos Sulinos estão protegidos em unidades de conservação (SNUC) de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área totaldesta formação vegetal. A maior parte deste percentual está nosmosaicos de Campos e floresta com Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparadosda Serra, da Serra Geral e de São Joaquim (norte do RS e SC) (Overbeck et al., 2009).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650 km² de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Atualmentea base da economia da região do Pantanal é a criação extensiva de gado paracorte, uma vez que a agricultura é pouco recomendada, devido principalmente àsenchentes periódicas e aos solos pouco férteis. A atividade turística vem seexpandindo nos últimos anos, e mais recentemente, em alguns municípios da BAP,têm sido instalados alguns empreendimentos de mineração. Em geral,a pecuária nessa região não apresenta tratos culturais específicos, ocasionandodegradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios,queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens.Além disso, a fiscalização precária associada ao desconhecimento da legislaçãoe à falta de conscientização sobre a importância ambiental da região, permitemque atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam uma ameaça,exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos. As atividades mineradoras, além de gerarem forte impactovisual, causam assoreamento e modificam a trajetória dos corpos dágua,contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e intensificandoprocessos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem. Esse processo de colonizaçãoaliado à implantação de grandes projetos econômicos, como o gasodutoBrasil-Bolívia, vêm sistematicamente modificando a paisagem pantaneira. A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde sesituam as nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruiçãodos habitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e daintensificação das inundações (Harris etal., 2005).

Ações de conservação

4.4 Protected areas
Observações: Espécie ocorre em unidades de conservação (SNUC): Área de Proteção Ambiental Entorno Costeiro, no Estado de Santa Catarina (Alves et al., 2011) e Parque Estadual do Rio Doce (Lombardi; Gonçalves, 2000).

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada "Vulnerável" (VU) pela Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

Referências

- MATIAS, L.Q.; SAKURAGUI, C.M.; LOPES, R.C. Echinodorus bolivianus in Echinodorus (Alismataceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB004259>.

- GONTIJO, F.D. Alismataceae. In: STEHMANN, J.R.; FORZZA, R.C.; SALINO, A. ET AL. Plantas da Floresta Atlântica. p.122, 2009.

- MATIAS, L.Q. O gênero Echinodorus (Alismataceae) no domínio da Caatinga Brasileira., Rodriguésia, Rio de Janeiro, v.58, p.743-774, 2007.

- MATIAS, L.Q. A synopsis of Alismataceae from the semi-arid region of northeastern Brazil., Revista Caatinga, Mossoró, Universidade Federal Rural do Semi-árido, v.23, p.46-53, 2010.

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- ALVES, J.A.A.; TAVARES, A.S.; TREVISAN, R. Composição e distribuição de macrófitas aquáticas na lagoa da Restinga do Massiambu, Área de Proteção Ambiental Entorno Costeiro, SC., Rodriguésia, v.62, p.785-801, 2011.

- LOMBARDI, J.A.; GONÇALVES, M. Composição florística de dois remanescentes de Mata Atlântica do sudeste de Minas Gerais, Brasil., Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.23, p.255-282, 2000.

- KOEHLER, S.; BOVE, C.P. Alismatales from the upper and middle Araguaia river basin (Brazil)., Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v.27, p.439-452, 2004.

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- HARRIS, M.B.; ARCANGELO, C.; PINTO, E.C.T. ET AL. Estimativas de perda da área natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro., Campo Grande, 2005.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

Como citar

CNCFlora. Echinodorus bolivianus in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Echinodorus bolivianus>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 06/08/2012 - 14:50:48